sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

“Dizem que a arte é elitista, mas isso nada tem a ver com questões financeiras.
A arte é para uma elite de sensibilidade.”

 João Carlos de Figueiredo Ferraz

Adorei a frase que está nessa reportagem:
http://novo.itaucultural.org.br/materiacontinuum/uma-especie-cada-vez-mais-comum/

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Do Planeta dos Macacos ao cotidiano subvertido


 O filme O Planeta dos Macacos, o primeiro da série, do ano de 1968, nos traz algo de muito intrigante quando uma nave com astronautas pousa em um planeta, aparentemente desconhecido, no ano de 3978. Chegando nesse planeta estranho, os astronautas reconhecem um lugar habitado por humanos e símios, estes últimos uma espécie de evolução dos macacos, que possuem o conhecimento da fala, da ciência, mas parecem, em alguns aspectos, estar em um nível de saberes e atitudes equivalente ao nosso século XIV. Os humanos, por sua vez, são seres escravizados, caçados, que vivem como animais e não se comunicam através da fala. Não entrarei em detalhes quanto as questões de como essa situação acontece ou poderia acontecer pela lógica, e sim, vou me atentar ao fato de que tudo em O Planeta dos Macacos está invertido. Enquanto os símios andam com vestimentas, vivem em uma sociedade organizada no sistema de cidades/vilas, os humanos andam nus pela floresta, tentando colher alimentos enquanto fogem dos símios que os perseguem. Ora, tudo está de cabeça para baixo no filme. A história tem implicações filosóficas muito interessantes, mas a principal para mim é essa, a inversão dos valores, das vidas, de como tudo podemos ver de outra maneira.

Na arte e na vida, sempre podemos ter esse desprendimento e perceber e imaginar coisas diferentes em nosso dia-a-dia. Não precisamos nem ir tão longe e imaginar um mundo tomado por macacos que escravizam os seres humanos, podemos imaginar coisas aparentemente banais. Quando criança, diversas vezes fiquei deitada no chão ou na minha cama observando a estrutura das casas onde morei, que foram várias, e sempre as imaginava de cabeça para baixo. Ficava pensando como seria andar por aquelas casas se isso fosse feito de maneira inversa, pelo teto. Eu teria que pular para passar nas portas, já que elas nunca vão até o fim da parede, esbarraria nos lustres, e todos os móveis e objetos ficariam mais distantes. Isso, imaginava eu quando criança, e acho que outras pessoas já pensaram parecido comigo e transformaram isso em realidade.
Ultimamente tenho visto alguns trabalhos que brincam com a casa invertida. São trabalhos que ainda nao sei muito bem se são produzidos como arte ou design. De qualquer forma, em um rápido olhar, são trabalhos que mexem com nossa imaginação. O trabalho Upside down house em Mecklenburg-Vorpommern, Germany de Morgen Chandomba Artist e Henricus Andika Yudhanta faz isso. Invertem uma casa, com seus objetos ao redor, e parece que nos convidam a entrar nela por uma escada posta até a porta. Gostaria muito de poder entrar nela com certeza. Outro trabalho do qual só tenho o nome Floating Castle (Ukraine) não inverte como no trabalho anterior, mas subverte a posição da casa, que agora flutua sobre uma estrutura que parece que a qualquer hora não irá suportar o peso da casa. Já vi outros trabalhos também onde casas são penduradas no alto de prédios, enfim, as possibilidades de subverter a realidade são muitas e o artista é um ser inconformado com o mundo.

Todas elas nos trazem a questão da inversão, da imaginação que vai além do trivial, da realidade, do cotidiano. Tudo não precisa ser sempre igual. Não precisamos ser cópias uns dos outros. Normalidade é bom até certo ponto, pois a imaginação te leva a lugares que antes você não conhecia. E a arte é uma forma de transpor para o mundo real, aquilo que está no campo das ideias, do pensamento. É por isso que a arte me toca, ela nos transporta para lugares que a nossa mente nunca nem ousou chegar.


Upside down house
 
 

    Floating Castle (Ukraine)





Informações sobre a saga Planeta dos Macacos: http://cinema.terra.com.br/noticias/0,,OI5314970-EI1176,00-Veja+a+evolucao+da+saga+Planeta+dos+Macacos.html#tarticle

Página de ART UNIVERSE: http://www.facebook.com/photo.php?fbid=10152262449095226&set=a.453748595225.379707.452065935225&type=1&relevant_count=1

Página de ‎مجسمه سازی‎: http://www.facebook.com/photo.php?fbid=382102211852313&set=a.377594975636370.86195.123338137728723&type=1&relevant_count=1

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

"Fiedler: a arte não exprime, é."

CORDEIRO, Waldemar. Realismo: "musa da vingança e da tristeza". In: FERREIRA, Glória; COTRIM, Cecilia. Escritos de Artistas: anos 60/70. 2 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Belting e o tempo

Hoje, lendo alguns capítulos do livro "O fim da história da arte" de Hans Belting, o autor refletia sobre o tempo na arte multimídia, mas encontrei uma frase que se aplica não somente à arte, mas à vida:

"No nascimento e na morte recebemos apenas as datas extremas entre as quais está a unidade de tempo de uma vida. Elas tornam indiretamente visíveis o que escapa a toda visibilidade. Começo e fim emolduram apenas a extensão de tempo em que se forma a nossa consciência." p.129

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A reprodutibilidade da arte

Benjamin já nos anunciava a obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica apontando que de início era possível reproduzir uma obra de arte copiando-a, seja para sua divulgação, para o estudo de novos artistas ou para lucrar com ela. Passado algum tempo, tivemos a ascensão da litografia, que copiava a obra de arte mais rapidamente. Mas foi com o surgimento da fotografia que a era da reprodutibilidade chegou ao seu topo.
Com apenas um click e com apenas um olhar é possível reproduzir uma obra de arte tal e qual.
A fotografia nos trouxe o instante, o agora, o momento e reproduziu com verosimilhança o que vemos, inclusive as obras de arte.
Mas Benjamin aponta para um aspecto que está contra a fotografia, a questão da aura.
Segundo Benjamin, mesmo na reprodução mais perfeita, falta algo fundamental para a obra de arte: o aqui e o agora. Sua história única em um local, sua aura.
Por mais que hoje tenhamos tanta tecnologia e possamos visitar museus online, temos tantos projetos desse tipo, temos tanto acervo de imagens digitais, nada substitui o aqui e o agora da obra de arte, nada substitui o contato direto e próximo com ela.
Temos tantas imagens a nosso dispôr e, por vezes, não sabemos nem o que fazer com elas.
Se pensarmos bem, dizia uma professora minha, os grandes historiadores da arte e pensadores, desde Vasari ao próprio Benjamin, não tiveram acesso a metade das imagens que temos hoje.
E o que fazemos com tanta imagem?
Nós nos rendemos a sua reprodutibilidade, e usamos isso para o bem. Como é democrático poder estudar uma Vênus de Milo e não precisar viajar até a França!
Mas invejo quem tem o privilégio de ir até lá e poder estar frente a frente com ela.
Pois a reprodutibilidade técnica não dá conta da complexidade de uma obra de arte.


 Vênus de Milo - Louvre

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

VALE A PENA IR AO MAJ



Gente, pra quem ainda não foi conferir o Schwanke no jardim do Museu de Arte de Joinville, olha, é muito legal ver de perto o trabalho de um artista joinvilense que a gente admira tanto.
E depois, por favor, vão até os anexos do MAJ na Cidadela Cultural Antártica conferir a exposição “À Deriva” que faz parte do Rumos do Itaú Cultural. A exposição é de arte contemporânea e está muito boa. Mas é indicada para maiores de 14 anos dizia a placa.
Fica o convite.
Nesse fim de semana, vale a pena ir ao MAJ!!!

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Arte em Pleasantville - a vida em preto e branco



Assisti recentemente mais uma vez ao filme, o que me fez pensar sobre várias coisas, inclusive a arte, segue minhas considerações:


Cartaz do filme

O filme é sobre um garoto chamado David (Tobey Maguire) e sua irmã Jennifer (Reese Whiterpoon) que são transportados dos anos 90 para um seriado em preto e branco dos anos 50 através de um controle remoto.
A cidade de Pleasantville, onde o seriado se passa, como diz seu nome é um lugar muito agradável, onde tudo funciona perfeitamente bem e onde o marido ao chegar em casa pronuncia a célebre frase “Honey I’m home” (Querida, cheguei), e sua esposa o recebe com o jantar servido. Em Pleasantville a vida não tem fortes emoções, muito menos conflitos, mas isso muda consideravelmente com a chegada deste garoto e desta garota dos anos 90. 
Com a chegada dos novos personagens a cidade começa a conhecer as emoções, o sexo, o conhecimento e a arte. Os jovens da cidade começam a frequentar uma parte da cidade mais retirada do centro, onde há uma linda paisagem e um lago, e é lá que começam a descobrir sua sexualidade. E a medida que vão transgredindo as regras, as pessoas começam a ficar coloridas em meio a cidade e a todos os outros que continuam em preto e branco.
Surgem muitos conflitos na cidade, o jantar e a esposa já não estão mais no mesmo lugar, a roupa mal passada dói na pele de quem a veste, e os pequenos erros e desvios de percurso se tornam desconcertantes para quem ainda vive em preto e branco. Os conflitos se dão com parte das pessoas coloridas que gostam de escutar rock e se reunir em torno do lago e as pessoas que ainda estão em preto e branco e estão vivendo esse momento de incertezas, algo que não combina com a agradável Pleasantville.
Mas onde a arte entra neste filme? Quando David leva ao personagem dono de uma lanchonete Bill Johnson, vivido pelo ator Jeff Daniels, um catálogo com várias obras de arte, com obras de Matisse, Van Gogh, Picasso e outros importantes artistas modernos da história da arte. Bill pinta então em sua vitrine um papai-noel cubista muito colorido, o que choca a cidade. E mais tarde, no decorrer da história, Bill chega a pintar em sua vitrine uma mesa com natureza-morta e uma mulher nua, que representa uma das personagens do filme. 
Essa nudez na pintura é encarada como afronta e desencadeia uma onda de violência na cidade. Por fim, a partir de suas emoções afloradas, todos acabam por ficar coloridos em Pleasantville.
E o que podemos pensar sobre essa metáfora da vida em preto e branco e da vida colorida em relação a arte? Que a arte é emoção, é transgressão, a arte aponta novos caminhos. Que quando surge uma nova forma de se fazer arte, e a história das vanguardas não nos deixa mentir, boa parte das vezes esta nova forma não é compreendida e até desdenhada, como os Fauvistas que foram chamados de feras, no sentido pejorativo, e o que é hoje um Matisse? A beleza das cores, a emoção e a dança da vida pelas cores.
A cor em Pleasantville é muito parecida com a arte contemporânea. Muitas vezes incomoda, traz desconforto, nós não a entendemos de início e tentamos impedir mudanças, dizendo de uma forma até nostálgica que o que existia antes era melhor.
Na arte não existe melhor nem pior, existem novas formas de se pensar o mundo e pensar nossa existência nesse mundo em preto e branco que necessita cada vez mais de cor e arte.

Obra "Harmonia vermelha - mesa de jantar" de Matisse, 1908


Ficha Técnica
Título original: Pleasantville
Título no Brasil: Pleasantville - a vida em preto e branco
Ano: 1998
Nacionalidade: EUA
Direção: Gary Ross
Gênero: Comédia dramática; fantasia
Atores principais: Tobey Maguire; Reese Whiterpoon; Jeff Daniels; Joan Allen; William H. Macy

Viviane Baschirotto_05/10/2012