sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Do Planeta dos Macacos ao cotidiano subvertido


 O filme O Planeta dos Macacos, o primeiro da série, do ano de 1968, nos traz algo de muito intrigante quando uma nave com astronautas pousa em um planeta, aparentemente desconhecido, no ano de 3978. Chegando nesse planeta estranho, os astronautas reconhecem um lugar habitado por humanos e símios, estes últimos uma espécie de evolução dos macacos, que possuem o conhecimento da fala, da ciência, mas parecem, em alguns aspectos, estar em um nível de saberes e atitudes equivalente ao nosso século XIV. Os humanos, por sua vez, são seres escravizados, caçados, que vivem como animais e não se comunicam através da fala. Não entrarei em detalhes quanto as questões de como essa situação acontece ou poderia acontecer pela lógica, e sim, vou me atentar ao fato de que tudo em O Planeta dos Macacos está invertido. Enquanto os símios andam com vestimentas, vivem em uma sociedade organizada no sistema de cidades/vilas, os humanos andam nus pela floresta, tentando colher alimentos enquanto fogem dos símios que os perseguem. Ora, tudo está de cabeça para baixo no filme. A história tem implicações filosóficas muito interessantes, mas a principal para mim é essa, a inversão dos valores, das vidas, de como tudo podemos ver de outra maneira.

Na arte e na vida, sempre podemos ter esse desprendimento e perceber e imaginar coisas diferentes em nosso dia-a-dia. Não precisamos nem ir tão longe e imaginar um mundo tomado por macacos que escravizam os seres humanos, podemos imaginar coisas aparentemente banais. Quando criança, diversas vezes fiquei deitada no chão ou na minha cama observando a estrutura das casas onde morei, que foram várias, e sempre as imaginava de cabeça para baixo. Ficava pensando como seria andar por aquelas casas se isso fosse feito de maneira inversa, pelo teto. Eu teria que pular para passar nas portas, já que elas nunca vão até o fim da parede, esbarraria nos lustres, e todos os móveis e objetos ficariam mais distantes. Isso, imaginava eu quando criança, e acho que outras pessoas já pensaram parecido comigo e transformaram isso em realidade.
Ultimamente tenho visto alguns trabalhos que brincam com a casa invertida. São trabalhos que ainda nao sei muito bem se são produzidos como arte ou design. De qualquer forma, em um rápido olhar, são trabalhos que mexem com nossa imaginação. O trabalho Upside down house em Mecklenburg-Vorpommern, Germany de Morgen Chandomba Artist e Henricus Andika Yudhanta faz isso. Invertem uma casa, com seus objetos ao redor, e parece que nos convidam a entrar nela por uma escada posta até a porta. Gostaria muito de poder entrar nela com certeza. Outro trabalho do qual só tenho o nome Floating Castle (Ukraine) não inverte como no trabalho anterior, mas subverte a posição da casa, que agora flutua sobre uma estrutura que parece que a qualquer hora não irá suportar o peso da casa. Já vi outros trabalhos também onde casas são penduradas no alto de prédios, enfim, as possibilidades de subverter a realidade são muitas e o artista é um ser inconformado com o mundo.

Todas elas nos trazem a questão da inversão, da imaginação que vai além do trivial, da realidade, do cotidiano. Tudo não precisa ser sempre igual. Não precisamos ser cópias uns dos outros. Normalidade é bom até certo ponto, pois a imaginação te leva a lugares que antes você não conhecia. E a arte é uma forma de transpor para o mundo real, aquilo que está no campo das ideias, do pensamento. É por isso que a arte me toca, ela nos transporta para lugares que a nossa mente nunca nem ousou chegar.


Upside down house
 
 

    Floating Castle (Ukraine)





Informações sobre a saga Planeta dos Macacos: http://cinema.terra.com.br/noticias/0,,OI5314970-EI1176,00-Veja+a+evolucao+da+saga+Planeta+dos+Macacos.html#tarticle

Página de ART UNIVERSE: http://www.facebook.com/photo.php?fbid=10152262449095226&set=a.453748595225.379707.452065935225&type=1&relevant_count=1

Página de ‎مجسمه سازی‎: http://www.facebook.com/photo.php?fbid=382102211852313&set=a.377594975636370.86195.123338137728723&type=1&relevant_count=1

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

"Fiedler: a arte não exprime, é."

CORDEIRO, Waldemar. Realismo: "musa da vingança e da tristeza". In: FERREIRA, Glória; COTRIM, Cecilia. Escritos de Artistas: anos 60/70. 2 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.