"O
espelho é uma utopia porque é um lugar sem lugar. No espelho vejo-me
onde não estou, num espaço irreal que se abre virtualmente por trás da
superfície, estou além, além onde não estou, espécie de sombra que me
devolve a minha própria visibilidade, que me permite olhar-me além onde
estou ausente: a utopia do espelho."
segunda-feira, 7 de janeiro de 2013
quinta-feira, 3 de janeiro de 2013
O corpo em cena de Dora Longo Bahia
O corpo em Dora Longo Banhia está principalmente
em meio a cenas de violência e guerra. A artista é paulistana, nascida em 1961.
É uma artista multimídea, que trabalha com performance, ilustrações, fotografia
e vídeo e a partir da década de 90, suas pinturas carregam temas como morte,
violência e sexo. Mas suas obras também exploram, mais recentemente, uma
questão da territorialidade, como Gel
Poetics ou Escalpo Caioca.
Com
relação ao tema do corpo em cena, a artista possui obras em que se coloca no
cotidiano violento, e outras aparentemente mais brandas, como no caso da série Imagens Infectadas (figura 1) de 1999.
Essa série apresenta imagens tidas como “comuns” a qualquer pessoa, como as que
guardamos no álbum de fotografia, para lembrar momentos importantes ou pessoais.
São imagens que guardam cenas da vida cotidiana. Agnaldo Farias no texto Let it
Bleed, nos aponta ainda que essas imagens estão alteradas pela ação dos fungos
que a destroem com o tempo, na ação do calor e da luminosidade, as imagens de
boas lembranças que queremos guardar são descoloridas, ficam sem vida em tons
pastéis. O autor ainda lembra que a
fotografia é pensada para durar, mas essa durabilidade é efêmera, assim como a
durabilidade do corpo humano retratado na fotografia. A imagem apenas estende
um pouco a existência desse corpo através de sua reprodução.
Podemos ter essa
leitura poética de Agnaldo Farias ou também pensar em algo mais fictício. Em um
mundo assombrado pela ideia de fim dos tempos, o cinema está repleto de
exemplos de filmes, séries e criações de histórias fictícias sobre diversos vírus
que poderiam se espalhar pelo planeta, atingindo a maioria da população
mortalmente. Desde a adaptação de Seramago em Ensaio sobre a cegueira ou de Eu sou a Lenda.
Nas fotografias de Dora Longo Banhia vemos respingos do que
poderia ser sangue, contaminações através de espirros, que um dia dizimaram boa
parte da população e o que restou, foram as lembranças do mundo comum retratado
nas fotografias.
Figura
1.Dora Longo Bahia. Sem título – da série Imagens Infectadas. Serigrafia e água
tinta sobre papel, 2011.
FARIAS,
Agnaldo. Let it bleed . <http://www.galeriavermelho.com.br/pt/artista/75/dora-longo-bahia/textos>. Acesso em: 31 de out. 2012.
ITAÚ
Cultural: Enciclopédia Artes Visuais. Dora
Longo Bahia. Disponível em: <http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia&cd_verbete=1553&cd_idioma=28555>. Acesso em: 31 de out. 2012.
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